segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Segunda feira negra


O dia amanheceu como outro dia qualquer.
Apenas mais um dia, mais um inicio de semana, mais uma segunda feira.~
Um dia como tantos outros, cheios com os mesmos vícios, os mesmos rostos, os mesmos amigos, o mesmo serviço e os mesmo professores.
Com a rotina que nos caracteriza e nos define.
Uma rotina que por vezes nos apetece mudar, mas que em dias como os de hoje, para algumas pessoas seria uma rotina amiga, benvinda e que devia estar a acontecer.

Hoje na avenida marginal, que é onde fica o meu escritório, o dia para mim começou com barulho, muito barulhos, sirenes, ambulâncias, policias, autocarros.

Fiquei logo em transe. Desnorteada, angustiada, pois sirenes traz sempre mau presságio para alguém.

Atravessei a rua, dirigi-me à porta de todos os dias, e o cenário era confuso.

Muitos policias, muitos mesmo.
Muitas crianças que tinham descido do tal autocarro que se encontrava parado uns metros mais à frente de mim. Um condutor de autocarro em choque, deitado no chão do mesmo autocarro que todos os dias lhe dá o pão, mas que hoje certamente foi o sei pior inimigo e lhe deu um amargo de boca.

Não vi choros de crianças, por isso pensei que tivesse sido um ataque do condutor, mas ao caminhar em direcção à porta do escritório, vi um cobertor no chão, certamente a tapar algo que não deveria ser visto e que muito certamente não devia ter acontecido.

Mas o facto de as crianças que ali estavam a falar com os policias e a prestar declarações não estarem a chorar a mim queria-me convencer que não era tão grave como o meu coração dizia.

Infelizmente o meu coração sabia.
Um miúdo. Com tantos anos de vida pela frente, com tanta coisa por fazer...

Ficou engatado na porta do autocarro. Foi arrastado por alguns metros, tendo acabado por ter sido atropelado pelo mesmo.

E uns pais em casa, ou a caminho do serviço, sem saber de nada, tranquilos, na sua rotina de todos os dias, sem saber que quando o telefone tocar....Eu não iria querer atender...

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