quarta-feira, 28 de maio de 2014

Sr. Santo Cristo dos Milagres....

Essa é a minha festa. Criei-me com essa festa e vibrava com ela...hoje sinto nostalgia dos momentos que passei com a minha amiga Helena. Amiga que hoje apenas é uma conhecida. Uma amiga perdida para a vida mas que sempre terá um lugar cativo no meu coração. Eram horas infindáveis nos carrinhos de choque, castigos dados pelos pais pois estávamos sempre “na doca” onde não deveríamos estar sozinhas como meninas de bem que somos. Trocas de olhares e sorrisos, fichas oferecidas pelos rapazes mais atrevidos e pelos próprios funcionários. Roupa nova, roupa de festa, pipocas vermelhas, gelados de maquina e entradas na feira. Procissão de domingo vestida de Guia e eu toda alfeira cheia de força nos braços a tocar o meu tambor. Trabalho no restaurante do Coral de São José, servir às mesas, ganhar gorjetas e gasta-las todas na festa. Idas à feira que hoje em dia está cada vez pior ou então são as nossas espectativas que vão subindo e vamos ficando mais exigentes. Esta é a minha festa. Hoje é a festa dos meus filhos. Os anos passam e as prioridades mudam. Continua a haver a roupa de festa. Vou na procissão, mas não a tocar tambor nem com lenço ao pescoço. Vou mesmo na zona das promessas a agradecer a vida que tenho. As pipocas, os gelados mantem-se, mas substituo a água pelo fino e pela ginjinha de Óbidos. Os carrinhos de choque e os aviões mantêm-se, mas agora sou espectadora. De telemóvel na mão a registar a alegria dos meus filhos às voltas no carrocel e a carregar no pedal com toda a força para chegar bem lá em cima e dizer adeus para a mãe cá em baixo. Três crianças com sorrisos no rosto, por momentos esquecemos os problemas do dia a dia e ficamos com a sensação de dever cumprido, de fornecer boas lembranças aos nossos filhos e ficar com a carteira mais leve. Daqui a uns anos, a minha festa será outra. Estarei sentadinha no campo de São Francisco a ouvir a banda enquanto os meus filhos estarão com os amigos a criar e a escrever as suas próprias lembranças, pois já se acharão muito crescidos para passear com os pais.

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