sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

:)

16 de Março é um dia muito especial para mim. É o dia em que dei à luz o meu primeiro filho.
Sou a favor do papel clássico, ou, digamos, tradicional, que o pai desempenha no nascimento dos seus filhos. Que é o seguinte : tranque-o num corredor do lado de fora da sala de partos. Não deixe que entre, em momento algum. Dê-lhe quarenta cigarros e um isqueiro. Instrua-o a caminhar até ao fim do corredor. Quando chegar a essa feliz posição, instrua-o a dar a volta e retornar ao local de onde veio. Repita, se necessário.

A conversa deve ser reduzida. Tem permissão para trocar algumas palavras com qualquer outro pai em perspectiva caminhando ao seu lado.

" Meu primeiro " ( sorriso amarelo )

" Parabéns. meu terceiro " ( sorriso pesaroso )

A essa altura os sentimentos tendem a se exacerbar. Ou eles têm permissão para abordar qualquer médico/enfermeira que saia exauto/a da sala de partos, coberto de sangue até aos cotovelos, e arquejar: " Alguma noticia ??? " Ao que a enfermeira poderá responder: " Ah, meu Deus, não. Está com uma dilatação de apenas 3 centimetros". E seu marido fará um sinal afirmativo com a cabeça, como se entendesse tudo, embora não entenda nada além do facto de que ainda há um bocado de vaivéns pela frente.

Ele também tem permissão para deixar um espasmo de angústia passar pelo seu rosto, ao ouvir as agonias da sua amada lá dentro. E quando tudo termina, mãe e filho estão limpos: a mãe, com uma camisola imaculada, está recostada em travesseiros rendados, com um ar exausto, mas feliz, e o bebé perfeito está mamando: então, e apenas então o pai deve ter permissão para entrar.

" Marian Keyes "

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